O Relatório Planeta Vivo 2020, da World Wildlife Found (WWF), revela um diagnóstico negro para a biodiversidade e para a humanidade a nível global e os impactos catastróficos nas pessoas e no planeta estão cada vez mais próximos. Os grandes factos deste Relatório são:
- queda média de 68% das populações monitorizadas de mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes nos últimos 50 anos. A maior queda observada centra-se nas sub-regiões tropicais das Américas com uma redução de 94%;
- para os anfíbios, as doenças e a perda de habitat são as maiores ameaças;
- a Mata Atlântica no Brasil perdeu 87,6% da vegetação natural desde 1500, principalmente durante o século passado, o que levou a pelo menos duas extinções de anfíbios e 46 espécies ameaçadas de extinção;
- mais de 2.000 espécies de anfíbios estão ameaçadas de extinção;
- quase uma em cada três espécies de água doce estão igualmente ameaçadas de extinção;
- em 3.741 populações monitorizadas - representando 944 espécies de mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes - o Índice do Planeta Vivo em Água Doce diminuiu em média 84%, o equivalente a 4% ao ano desde 1970.
Em Portugal, a pegada ecológica per capita aumentou significativamente entre o relatório de 2018 e o de 2020 e posiciona o país no 46.º lugar a nível mundial, com 4,1 hectares de terra necessários por pessoa (em 2018 Portugal encontrava-se em 66.º lugar).
São agora necessárias 2,5 Terras ao ano para dar resposta às necessidades de consumo dos portugueses, enquanto para satisfazer as necessidades de consumo dos cerca de sete mil milhões de habitantes da Terra parece ser necessário esticar o planeta para 1,6 Terras.
Segundo Catarina Grilo, diretora de conservação da ANP/WWF, esta realidade “está relacionada com o crescimento do consumo e do turismo, associados ao crescimento da economia nacional depois da crise económica e antes da chegada da pandemia de Covid-19”.
A liderar o ranking do pior desempenho ambiental está o Qatar. E países como os Estados Unidos, Austrália, Canadá, França, Itália, Reino Unido, Países Baixos, Bélgica, Suíça e Alemanha revelam uma pegada ecológica superior à portuguesa.
Marco Lambertini, Diretor Geral da WWF International salienta que “A natureza está a diminuir globalmente a taxas sem precedentes em milhões de anos. A forma como produzimos e consumimos alimentos e energia e o flagrante desprezo pelo meio ambiente, enraizado no nosso modelo económico atual, levou o mundo natural aos seus limites”.
Este Relatório é lançado de dois em dois anos e apresenta um estudo abrangente das tendências da biodiversidade global e da saúde do planeta, onde são considerados vários indicadores, incluindo o Índice Planeta Vivo (LPI), fornecido pela Zoological Society of London (ZSL).
A 13ª edição do relatório dá-nos as evidências científicas para comprovar o que a natureza tem demonstrado repetidamente: a atividade humana insustentável está a levar os sistemas naturais do planeta que sustentam a vida na Terra ao limite.
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11 de setembro de 2020